Resumo: A presente dissertação tem como objeto de estudo o trabalho dos(as) entregadores(as) por aplicativos no município de Belém-Pará, cujo objetivo foi analisar os determinantes econômicos, políticos e sociais que influenciam na expansão do referido trabalho, tendo em vista, compreender as repercussões dessa forma de trabalho na vida desse segmento de trabalhadores(as). Para tanto, utilizou-se como método de investigação e analise da realidade a teoria e o método em Marx. Quanto ao percurso teórico-metodológico, valeu-se da pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica baseou-se no aprofundamento teórico das categorias que constituem o objeto de estudo, através de autores clássicos que discutem o trabalho e contemporâneos que analisam a plataformização e uberização do trabalho. A pesquisa documental norteou-se nos Termos e Condições de Uso do aplicativo; na Lei 14. 297 de 2022, que dispõe sobre medidas de proteção asseguradas ao entregador por aplicativos durante a vigência da pandemia da COVID-19; e notícias veiculadas sobre esse segmento de trabalhadores(as) em jornais on line do estado do Pará. A pesquisa de campo envolveu a realização de entrevistas semiestruturadas, observação simples e anotações no diário de campo. Foram entrevistados(as) 20 (vinte) entregadores(as) por aplicativos na cidade de Belém-Pará, precisamente, nos bairros: Batista Campos, Nazaré e Reduto. Os resultados apontam que múltiplos determinantes influenciam na expansão do referido trabalho na sociedade capitalista. No âmbito econômico, pode-se mencionar a particularidade do mercado de trabalho brasileiro, em particular, da Amazônia e o lugar que esta ocupa na divisão internacional e nacional do trabalho, com altos índices de desemprego e informalidade que corroboram para a expansão de trabalhos precários. No âmbito político, destaca-se que o Brasil, desde meados da década de 1990, vivencia a programática neoliberal que no decorrer dos anos vem se apresentando como ultraneoliberal, com a precarização do trabalho e da vida. Esse quadro se agrava com a implementação da Lei n.º 13. 467 de 2017, conhecida como Reforma Trabalhista, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho. Além disso, frisa-se o contexto pandêmico que se apresentou como um fator político, econômico e social que incidiu na referida expansão. No âmbito social, observa-se a disseminação de ideologias que concebem o controle, a exploração e a subordinação como liberdade, flexibilidade e autonomia do trabalho, no qual o(a) trabalhador(a) pode trabalhar o dia, a hora e o quanto quiser, perpassando a ideia de que vale a pena renunciar aos direitos trabalhistas para ser o seu “próprio chefe”.