Resumo: Este projeto de pesquisa se volta ao tema “quilombolas na universidade e ação afirmativa no ensino superior”. Problematiza a dificuldade da permanência universitária impostas a quilombolas aprovados pelo Processo Seletivo Especial (PSE) da Universidade Federal do Pará (UFPA), no Campus de Breves, localizado no arquipélago do Marajó/Amazônia-PA/Br. A categoria “dificuldade” não está sendo tomada nesta investigação em uma perspectiva determinista, isto é, como resultado de uma dada “condição” da/do estudante, no sentido de ser resultado de uma incapacidade de aprendizado ou somente da escassez de recursos econômicos, e sim, compreendida como uma tensão de mecanismos institucionais estruturais que potencializam as desigualdades do sistema mundo e, consequentemente, impõem dificuldades para a existência daqueles que não devem viver (Mbembe, 2018). Neste sentido, a categoria dificuldade se estrutura na colonialidade, a qual, para Quijano (2009, p. 73), é “um dos elementos constitutivos e específicos do padrão mundial do poder capitalista. Sustenta-se na imposição de uma classificação racial/étnica da população do mundo como pedra angular do referido padrão de poder”. Deste modo, move-se “em cada um dos planos, meios e dimensões, materiais e subjetivos, da existência social quotidiana e da escala societal”. Assim compreendido, esta pesquisa tem como objetivo geral refletir sobre as dificuldades da permanência impostas a quilombolas graduandas/os no Campus de Breves da Universidade Federal do Pará (UFPA) a fim de compreender como as contradições sociais macroestruturais interferem na operacionalização das políticas afirmativas para esses grupos específicos e esses estudantes imprimem a resistência. A metodologia se fundamenta na pesquisa qualitativa com uso também de dados quantitativos, para isso, realizará entrevista narrativa com quilombolas estudantes da graduação do Campus Universitário de Breves; levantamento bibliográfico sobre o tema “quilombolas na universidade e ação afirmativa no ensino superior”; levantamento documental de dados quantitativos informados nas bases de dados e normativas da UFPA; realização de entrevistas semiestruturadas com docentes e técnicos da Divisão de Assistência Estudantil (DAEST), ambos do Campus Universitário de Breves, e com a equipe gestora da Superintendência de Assistência Estudantil (SAEST/ Campus Universitário de Belém) . Para isso, os objetivos específicos pretendem: analisar como esses/as estudantes se identificam e como são identificados pela política afirmativa na educação pública superior; analisar a permanência na universidade pela percepção dos/as quilombolas estudantes e dos docentes, técnicos e gestores/as das políticas afirmativas e estudantis na UFPA; analisar as ações da política de assistência estudantil da UFPA voltadas à permanência estudantil de quilombolas, seus avanços e limitações frente às dificuldades impostas a esses estudantes no contexto do Norte da Amazônia Brasileira.