Resumo: A presente tese versa a respeito dos motivos que determinaram a inserção dos agricultores familiares no trabalho assalariado, nas lavouras de palma da empresa Brasil Biofuels S.A (BBF), no Pará, bem como, acerca dos rebatimentos desse trabalho, na reprodução social de suas famílias. A pertinência desse objeto está ancorada na amplitude e impacto que a produção de palma representa para economia e para a vida das pessoas no mundo, Brasil e no território paraense, que ocupa a posição de maior produtor do país. Neste contexto, as monoculturas de palma têm se constituído em megaprojetos do agronegócio que se alastram no chamado nordeste paraense, recrutando uma proporção significativa de trabalhadores da agricultura familiar às fileiras do trabalho assalariado braçal. Para imersão na questão, delineou-se um processo metodológico de aproximações sucessivas a essa realidade, por meio da elaboração de um inventário de revisão bibliográfica, em que se identificou a lacuna teórica em relação a dinâmica de assalariamento de agricultores familiares as monoculturas de produção de palma. Prosseguindo o itinerário de investigação, optou-se pelo tipo de estudo quanti-qualitativo, com análises de bases dados oficiais e entrevistas semiestruturadas com 9 (nove) agricultores familiares assalariados nas lavouras de palma na BBF e suas respectivas famílias, além, de lideranças dos Sindicato do (a)s Empregado(a)s Rurais do Moju/Pará (SINDTER); Sindicato do(a)s Empregado(a)s Rurais de Acará/Pará - SINDTER e Sindicato do(a)s Empregado(a)s Rurais de Bujaru e Concórdia do Pará – SINDTER. Durante a jornada da pesquisa foram apreendidos alguns “achados”, como: (1) os motivos que levaram os agricultores familiares ao trabalho assalariado, foi essencialmente, a necessidade de assegurar os meios para a reprodução social da sua família, pois vivenciavam, guardadas as devidas proporções, antes do assalariamento, insuficiência de condições objetivas para comprar o alimento e escassez na produção de suas roças no estabelecimento familiar, ou seja, estavam em situação de empobrecimento, com falta de tudo; (2) a travessia do agricultor familiar para o trabalhador assalariado arrasta mudanças no tempo de trabalho e de não trabalho, em que a vida no âmbito familiar, a partir do assalariamento, garante um salário fixo no final de cada mês, mas acarreta a esse trabalhador fadiga, cansaço e a exaustão, sinais de adoecimento como rebatimento da intensificação do tempo de trabalho na palma, em que a convivência familiar e comunitária é relegada ao segundo plano; (3) a família é o elemento propulsor de motivação e projeto de futuro para cada e para todos os agricultores que participaram do estudo. Ante o exposto, acredita-se que os “achados” podem ser importantes para apreensão dos desdobramentos do assalariamento no campo, na vida cotidiana das famílias envolvidas na agricultura e no extrativismo, além de manifestar as condições precarizadas e degradantes em que estão sujeitos os trabalhadores na produção da palma.