RESUMO:
O estudo aborda o tema do protagonismo político de mulheres quilombolas, compreendido como ação de resistência às relações de dominação. Parte da justificativa de que o patriarcado colonial (racista, sexista e suas múltiplas determinações) encerrou os corpos das mulheres ocidentais em um conjunto de opressões históricas e interseccionais que resultaram na subalternização de seus corpos e, principalmente, das mulheres em contextos das diásporas africanas, sendo o caso das mulheres quilombolas. Contudo, elas não são sujeitas passivas, há séculos imprimem a resistência em defesa de seus territórios, ancestralmente, ocupados pela ação política de seus corpos. Neste sentido, esta pesquisa problematiza as intersecções das opressões que violam e colocam em risco a vida das mulheres do Quilombo do Abacatal-PA/Amazônia e, consequentemente, a permanência do grupo no tempo. Para isso, toma como objetivo geral compreender as estratégias de organização política das mulheres abacataenses na defesa do corpo-território. A pesquisa priorizou a abordagem qualitativa e colaborativa, visando uma proximidade maior com as interlocutoras da pesquisa, o que possibilitou estar entre essas mulheres e fazer a escuta percuciente de suas narrativas. Os resultados sinalizam que as mulheres lideranças políticas em Abacatal se compreendem como corpos-territórios, produzidos na ancestralidade e situados, historicamente, em opressões interseccionais, aquelas que lhes exigem ações estratégicas, como corpos políticos de resistências em defesa do pertencimento e permanência no território, sendo, portanto, uma luta no tempo contra o colonialismo que subsiste na Amazônia.